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terça-feira, outubro 23, 2012

Cada vez mais fácil votar com os pés

Cada vez mais indignados e apertados com a crise, que fazem os portugueses?
  • Alguns votam com os pés, emigram, saem do país (exit
  • Outros manifestam-se e protestam na rua, muitos pela primeira vez na vida (voice
  • E também os que se mantêm alinhados, calados e obedientes (loyalty
Esta tipologia de reacções perante uma degradação  inaceitável  foi descrita pelo economista Albert O. Hirschmann  já em 1970, mas parece perfeitamente actual.

O conceito baseia-se no seguinte:  os membros de uma organização, seja uma empresa, uma nação ou qualquer outra forma de agrupamento humano, têm essencialmente duas respostas possíveis quando percebem que a organização está a demonstrar uma redução na qualidade ou benefício ao membro:
  • eles podem sair (retirar-se do relacionamento), ou, 
  • eles podem expressar (tentar reparar ou melhorar o relacionamento através da comunicação da queixa queixa, ou proposta de mudança). 
Por exemplo, os cidadãos de um país podem responder ao aumento da repressão política de duas formas: emigrar ou protestar. Da mesma forma, os trabalhadores de uma empresa podem optar por se demitir e cessar o seu trabalho desagradável, ou expressar as suas preocupações às chefias num esforço para melhorar a situação. Clientes insatisfeitos pedem para falar com o gerente, ou optam simplesmente por comprar em outro lugar.

Este conceito oferece uma perspectiva interessante, não sós das nossas interacções sociais diárias, como da crise nacional. Sair  ou contestar podem ser vistos como opções num continuum, desde a acção económica e até à acção política.  A saída está associada com a mão invisível de Adam Smith, em que os compradores e vendedores são livres para mover-se silenciosamente através do mercado, constantemente formando e destruindo relacionamentos. Voz, a contestação  por outro lado, é de natureza política e, por vezes, de confronto.
Diz-se que alguns países tem culturas mas dinâmicas porque têm populações composta de imigrantes e de dissidentes contestatários.

Emigrar,  uma reacção de natureza marcadamente económica, voltou à ordem do dia nesta crise que assola Portugal. Calar e consentir está a cair em desuso.  Mas como não podemos todos emigrar, passamos também a contestar,  enchendo as ruas e praças das cidades portuguesas, e a fazer circular mensagens contestatárias pela internet e pelos blogs.
Modernices. 

Fontes:  http://www.thesocialcontract.com/pdf/four-four/hirschma.pdf e http://en.wikipedia.org/wiki/Exit,_Voice,_and_Loyalty
p.s.   Esta variação da nossa resposta instinctiva de lutar ou fugir (fight or flight) também se pode aplicar nas relações românticas http://www.strongwindpress.com/pdfs/tuijian/hirschmanromantic.pdf

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